O desenvolvimento de câncer gástrico no estômago excluído após um bypass gástrico em Y de Roux é uma preocupação clínica importante, embora seja um evento raro.
O estômago excluído é a porção do estômago que é separada do trânsito alimentar após a cirurgia bariátrica, o que cria desafios no diagnóstico e no monitoramento.
Por que o estômago excluído é uma preocupação?
Após o bypass gástrico, o estômago excluído não faz mais parte do trajeto digestivo normal, tornando o acesso por endoscopia convencional difícil ou até impossível.
Isso limita a capacidade de realizar exames preventivos e diagnósticos, como a endoscopia para detecção precoce de lesões malignas ou pré-malignas.
Em alguns caso, pode-se realizar o acesso percutênao ao estômago excluso, atuando de forma multidisciplinar (equipes de cirurgia e endoscopia).
O câncer gástrico no estômago excluído pode ser assintomático em estágios iniciais. Quando os sintomas se desenvolvem, como dor abdominal, perda de peso ou sangramentos gastrointestinais, a doença pode estar em um estágio mais avançado.
Fatores de risco para câncer no estômago excluído
- História de infecção por Helicobacter pylori: A infecção por H. pylori é um fator de risco conhecido para o câncer gástrico. Pacientes que não foram tratados para essa infecção antes da cirurgia podem ter risco aumentado.
- Gastrite crônica ou úlceras: A presença de condições inflamatórias crônicas no estômago excluído pode contribuir para o risco de transformação maligna.
- Presença de gastrite atrófica e/ou metaplasia intestinal no exame endoscópico pré-operatório: Esses chados endoscópicos são sabidamente fatores de risco para o câncer gástrico.
- Obesidade prolongada e inflamação sistêmica: A obesidade está associada a um estado inflamatório crônico, que pode contribuir para o desenvolvimento de câncer.
Diagnóstico e monitoramento do estômago excluído
- Técnicas de Imagem: Quando há suspeita de problemas no estômago excluído, técnicas como a tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) ou endoscopia por balão de duplo lúmen podem ser utilizadas. No entanto, esses métodos podem não detectar lesões pequenas com a mesma precisão que a endoscopia direta.
- Endoscopia por Balão ou Enteroscopia: Esses procedimentos avançados podem permitir a visualização do estômago excluído, mas são mais complexos e não amplamente disponíveis.
- Endoscopia digestiva percutânea: Este procedimento é realizado de forma multidisciplinar, pelas equipes de cirurgia e endoscopia digestiva. Após a realização de laparoscopia diagnóstica, o cirurgião cria um acesso encoscópico percutâneo, permitindo que a equipe de endoscopica avalie o estômago excluso e duodeno.
- Monitoramento Regular: Em pacientes com fatores de risco elevados, um acompanhamento cuidadoso com exames de imagem e avaliações clínicas é crucial para a detecção precoce.
Prevenção e medidas proativas
- Tratamento do H. pylori: Antes da cirurgia bariátrica, é essencial testar e tratar infecções pelo H. pylori para reduzir o risco de câncer gástrico, bem como de lesões benignas (gastrite a úlceras gástricas ou duodenais).
- Ressecção profilática do estômago excluso: Em pacientes que apresentem achados endoscópicos pré-operatórios de relevância, os quais aumentem a chance de câncer gástrico (gastrite atrófica e/ou metaplasia intestinal), a ressecção do estômago excluso no mesmo tempo operatório do bypass gástrico, é um conduta aceitável em virtude da dificuldade de avaliação futura do órgão e necessidade de avaliação periódica do mesmo.
- Manutenção de um Estilo de Vida Saudável: Continuar a seguir uma dieta balanceada e manter o peso sob controle pode ajudar a reduzir o risco de câncer em geral.
- Educação do Paciente: Informar os pacientes sobre os sinais e sintomas de alerta de câncer gástrico, como dor abdominal persistente, anemia inexplicada, vômitos, ou perda de peso involuntária.
Opções de tratamento
Se um câncer for diagnosticado no estômago excluído, o tratamento dependerá do estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia ou outras abordagens terapêuticas.
O acesso cirúrgico pode ser complexo devido à anatomia alterada pela cirurgia bariátrica. Neste contexto, a cirurgia robótica ganha destaque, tanto no campo de uma cirurgia bariátrica revisional quanto no campo de cirurgia oncológica.
Conclusão
O câncer gástrico no estômago excluído após o bypass gástrico é raro, mas a dificuldade no monitoramento dessa região torna o diagnóstico precoce desafiador.
É fundamental que pacientes submetidos a bypass gástrico sejam acompanhados de perto por suas equipes médicas, com um plano de monitoramento personalizado baseado em seus fatores de risco.
A conscientização sobre sintomas preocupantes e a realização de exames apropriados, quando necessários, são cruciais para a saúde a longo prazo desses pacientes.
Dr Rodrigo Fabiano Guedes Leite
Cirurgia Geral
Cirurgia Bariátrica e Metabólica
Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica
NEOBAROS – Cirurgia da Obesidade e Diabetes e Cirurgia Digestiva Minimamente Invasiva e Robótica
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